ACESSIBILIDADE NA PARALIMPÍADA DO RJ - 2016
O Programa Tema Livre da Rádio Nacional do Rio de Janeiro
apresentou um debate excelente sobre Acessibilidade nas Paralimpíadas no dia 24 de agosto 2016 que vale a pena ouvir... Clique abaixo no link da radio e ouça o debate com duração de 55 m.
Os Jogos Olímpicos trouxeram para o Rio de Janeiro
1,17 milhão de turistas.
Apesar dos decretos de feriados para diminuir parte
das atividades da cidade, a movimentação foi bastante intensa principalmente
nas proximidades dos equipamentos esportivos e do Boulevard Olímpico.
O deslocamento de tantas pessoas na cidade colocou mais uma vez em evidência
uma antiga realidade: o Rio de Janeiro ainda é uma cidade pouco amigável
para idosos e para pessoas com deficiência.
Terminados os Jogos Olímpicos,
iniciará as Paralimpíadas e as perguntas que orientam o debate são:
- O que a cidade vai receber como
legado em termos de acessibilidade?
- O que você já deixou de fazer pra evitar os
obstáculos do deslocamento?
Participaram dessa discussão o vice-presidente da Associação dos Deficientes
Visuais do Estado do Rio de Janeiro (Adverj) e da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com
Deficiência (CDPD) da OAB-RJ, Luís Cláudio Freitas; o professor de Direito
Constitucional e Secretário-Geral da CDPD/OAB-RJ, Caio Silva de Sousa; e o
jornalista, cantor e ator com paralisia cerebral, Cassiano Fernandez.
Clique AQUI e ouça
o Programa sobre Acessibilidade na
Paralimpíada na íntegra.
Produtores:
Ale Hirtenkaulf e Fatima Bomfim
Acompanhe a cobertura da Paralimpíadas na TV Brasil clicando AQUI
___________________________________________
Acessibilidade & Gênero: Um enlace emergente na pauta
Jackeline Susann Souza da Silva
A acessibilidade é uma temática muito abordada quando se trata, sobretudo, das pessoas com deficiência. É um dos temas que mais vezes aparecem nos marcadores de busca online. Todavia, apesar de muito falado este conceito ainda é pouco explorado e permanece fragmentado e restrito ao âmbito técnico, arquitetônico e de políticas públicas. De forma geral, a acessibilidade ainda é compreendida e aplicada como mudança pontual (e material) no ambiente, como, por exemplo, a disponibilização de rampas e de banheiros adaptados.
A palavra acessibilidade deriva
da palavra acesso que significa (do
latim accessus) a “possibilidade de chegar a; aproximação, chegada” (In. Feedback Google). Assim, podemos dizer que a acessibilidade está
na interação entre a pessoa e o seu entorno, este pode ser físico, relacional,
comunicacional, tecnológico, entre outros.
O Decreto 5296/2004 define em seu
artigo 8° acessibilidade como
“condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida” (BRASIL, 2004, art. 8°).
Dentro da diversidade de pessoas com deficiência, aqui destaco as mulheres com deficiência, que no grupo da deficiência e de mulheres, são as que sofrem múltiplas vulnerabilidades (FARIAS, 2011).
Por causa da privação de direitos, discriminação e violências que sofrem mulheres com deficiência,
a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006) traz em
seu artigo 6°, a necessidade de medidas estatais e locais que assegurem a estas
mulheres e meninas o “pleno e igual exercício de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais” e a conscientização e ação coletiva para oportunizar o
“pleno desenvolvimento, o avanço e o empoderamento”.
As mulheres, jovens e meninas com
deficiência ainda permanecem invisibilizadas nas diretrizes nacionais de
acessibilidade que não citam especificações de mudanças no ambiente, nas
relações, nos sistemas de comunicação, informação e tecnológico para este grupo.
Por exemplo, mulheres com deficiência permanecem à margem dos discursos
preventivos sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis e não são reconhecidas
nos programas nacionais sobre saúde e maternidade. A falta de acesso à informação
é um agravante para riscos sociais a esta população brasileira.
A ausência de ação de
acessibilidade para mulheres com deficiência é resultado do pressuposto de que
quando se fala de ‘pessoas com deficiência’ ou de ‘mulheres’, estas expressões
já incluem nas pautas as questões das mulheres com deficiência. Entretanto, as
mulheres com deficiência são um grupo específico (FARIAS, 2011; MERTENS, 2010)
e trazem consigo condições distintas de vida que não são experienciadas por
mulheres sem deficiência e muito menos por homens com e sem deficiência.
Não abordar as questões que envolvem as mulheres com deficiência tem como consequência a não visibilidade das desigualdades de gênero e deficiência que as afetam e impede seu desenvolvimento pleno.
Não abordar as questões que envolvem as mulheres com deficiência tem como consequência a não visibilidade das desigualdades de gênero e deficiência que as afetam e impede seu desenvolvimento pleno.
Por isso, é emergente iniciarmos
o debate sobre acessibilidade e gênero nas várias dimensões da vida (educação,
saúde, empregabilidade, relações pessoais etc.) para identificarmos as barreiras
invisíveis que atentam a esse grupo e iniciarmos um processo de mudança contextualizada nas demandas da vida
real de mulheres com deficiência.
Referências
BRASIL. Decreto n° 5296/2004. Regulamenta as Leis nos 10.048/00, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098/00, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm> Acesso em: 03 jun. 2013.
FARIAS, A. Q. Gênero e Deficiência: Vulnerabilidade Feminina, Ruptura e superação. Dissertação de Mestrado, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 2011.
FERREIRA, W. B. Invisibilidade, crenças e rótulos: Reflexão sobre a profecia do fracasso educacional na vida de jovens com deficiência. IV Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down. Família, a gente da inclusão. 09-11 de Setembro de 2004. Bahia. Disponível em: <www.federaçãoinddown.org.br> Acesso em 04 mar. 2012.
MERTENS, D. et al. (Org.). In. Handbook for achieving gender equity through education. 2.ed. New York: Routledge, 2010. p. 583-607.
ONU. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006). Disponível em: < http://www.assinoinclusao.org.br/downloads/convencao.pdf >. Acesso em: 03 dez. 2011.
................................................................................................
ACESSIBILIDADE: UMA PALAVRA EM MOVIMENTO
A acessibilidade é uma palavra bastante usada quando se refere as pessoas com deficiência. É indiscutível a relevância social deste conceito, porque é a acessibilidade a condição necessária para se garantir os direitos humanos, especialmente quando se trata de grupos vulneráveis como o de pessoas com deficiência.
A acessibilidade quando aplicada com base na experiência real de pessoas com deficiência, fornece as bases necessárias para o usufruto da dignidade da pessoa (exemplo, a pessoa com deficiência se alimentar ou ir ao banheiro) até a promoção da sua participação social plena (ir a escola ou universidade, ocupar um cargo público de prestígio).
No Brasil, o Decreto n° 5296 de 2 de dezembro de 2004 regulamenta as leis para atendimento prioritário, as normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
qualquer pessoa em algum momento da vida poderá necessitar ambientes e relações acessíveis, seja pelo motivo de gravidez, por chegar a terceira idade ou por causa de uma fratura na perna.
O vídeo abaixo foi uma campanha brasileira do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CONADE) que mostra de maneira ilustrativa o sentido da palavra acessibilidade:
Como é possível perceber, o conceito de acessibilidade é dinâmico e amplo, passando pelo âmbito político (por exemplo, metas e ações governamentais e institucionais) até o âmbito da vida regular (atitudes pessoais, disposição, motivação).
Embora muito falada, a acessibilidade precisa ainda ser muito discutida, aprofundada e aplicada, pois sistematicamente presenciamos a violação dos direitos e as barreiras contra as pessoas com deficiência. Por isso, ao falar de acessibilidade a participação das pessoas com deficiência é um caminho para mudanças efetivas pró-acessibilidade.
Neste espaço do Blog, traremos discussões emergentes, pertinentes e inovadoras sobre o tema da acessibilidade (entrelaçando-o com gênero, sexualidade, desenvolvimento humano, cultura, política, entre outros). Nosso objetivo é colocar em debate novas pautas, disseminar informação e refletir sobre o papel de cada um de nós na (re)construção (contínua) de ambientes, tecnologias e relações acessíveis; pois a acessibilidade diz respeito a todos e a todas, é uma questão de diversidade humana!
Embora muito falada, a acessibilidade precisa ainda ser muito discutida, aprofundada e aplicada, pois sistematicamente presenciamos a violação dos direitos e as barreiras contra as pessoas com deficiência. Por isso, ao falar de acessibilidade a participação das pessoas com deficiência é um caminho para mudanças efetivas pró-acessibilidade.

Muito bom Jack, parabéns!
ResponderExcluir