(In)Visibilidade, Crenças e Rótulos: reflexão sobre a
profecia do fracasso educacional na vida de pessoas com deficiência
Extraído de:
FERREIRA, WB (2004) Invisibilidade, crenças e
rótulos... reflexão sobre a profecia do fracasso educacional na vida de jovens
com deficiência. 09-11 de Setembro, Bahia.
OBS. Caso queira ter acesso ao texto na íntegra por favor me envie um email: windyzferreira@hotmail.com
Introdução
Em 2004 fui convidada para
apresentar uma palestra no IV Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down Família, que aconteceu
em Salvador (cidade e povo que eu amo!) entre 09 e 11 de setembro.
Fui informada que meu tema era sobre a educação de jovens e
adultos com deficiência, à época havia ainda menos conhecimentos sobre esta
modalidade educacional para as pessoas com deficiência.
Iniciei a elaboração do artigo da palestra realizando uma
busca na internet e, para minha surpresa, muito pouco havia sobre o tema, que
até hoje precisa de aprofundamento acerca das inúmeras questões e complexidade
que perpassam o universo da alfabetização de jovens e adultos com deficiências
diversas nas escolas públicas e em outros espaços educativos de EJA.
Bem, o texto que a seguir é apresentado tem tudo a ver com a postagem que eu fiz ontem sobre o Dia INternacional das Pessoa com Síndrome de Down. O texto foi extraído de
meu artigo para o Congresso da APAE-Salvador, quando abordei o erro de se entender
a (condição de) deficiência como uma ´entidade´ e não como uma caraterística da
diversidade humana e as consequências de tal entendimento, as quais se tornam
mais perversas para a pessoa com deficiência intelectual quando ´determinadas´ pelo
´famoso e (a meu ver) inútil´ teste de QI, que ainda possui status de instrumento de avaliação usado
na Psicologia, mesmo em tempos de inteligências múltiplas, tecnologia assistiva,
oportunidades diferenciadas de aprendizagem e, acima de tudo, inclusão,
acessibilidade e diversidade. Finalmente, discuto como (in)visibilidade,
crenças e rótulos constituem fatores que estão na base do fracasso escolar e
humano.
Leia, curta e compartilhe em suas redes.
Lembre da Lei do Retorno ou Lei da Atração:
Quando
a gente dá a gente recebe!!!
A homogeneização da deficiência enquanto uma ‘entidade’
A invisibilidade das pessoas com
deficiência gera, como disse, crenças infundadas. Uma dessas crenças é
resultado da ignorância geral sobre o que seja ´deficiência´ em termos de sua
ampla variedade de manifestações. Pessoas com deficiências são seres humanos e
- tanto quanto qualquer um presente nesta sala – são diferentes entre si:
possuem estilos de aprendizagem diferentes, gostam de coisas diferentes, são
altos ou baixos, magros ou gordos, são melhores em português ou em matemática,
uns possuem linguagem e vocabulário melhor do que outros etc. Ao longo de
muitos anos aprendi que, no contexto educacional, a palavra ´deficiência´
provoca uma reação imediata que traduz um pré-conceito: Deficiente?Logo não tem
capacidade para aprender! Tal crença
somada a resistência contra a diferença entre as pessoas cria a bases para a
exclusão sumária de crianças e jovens com deficiência do contexto escolar
regular.
A deficiência entendida como uma
´entidade homogênea´ estabelece que pessoas com deficiência possuem apenas uma
característica que justifica sua exclusão do sistema educacional, isto é, sua ´incapacidade
para aprender´. Assim, uma criança com
paralisia cerebral que apresenta dificuldades motoras relevantes não tem
capacidade para aprender. Um surdo, porque não ouve e conseqüentemente não
fala, não tem capacidade para aprender. Uma criança autista porque tem um
comportamento não interativo não tem capacidade para aprender. Um cego porque
não vê, não tem capacidade para aprender e por aí vai. Como uma ´entidade´ a
deficiência ganha vida própria e é despojada de individualidade: não reconhece
a pessoa com deficiência como um ser humano e como um sujeito de direitos. Desta
forma, está criando o circulo vicioso que envolve impedir a matrícula de uma
criança ou jovem com deficiência na escola por que ele ou ela – acredita-se - é
incapaz de aprender e, como resultado, impedir que a comunidade escolar adquira
uma compreensão mais realística das possibilidades de aprendizagem de aluno(a)s
com deficiência.
Quase sem exceção, todos os
educadores que um dia tiveram uma criança com deficiência na sua classe
passaram pela fase do susto ao saber deste aluno(a), medo ao pensar-se
incompetente diante da deficiência, fantasiando problemas relacionados à
deficiência (ex. como convulsões,
paradas respiratórias, fezes descontroladas, etc) e finalmente
descobriram-se um admirador daquele aluno(a) pela suas potencialidades, garra e
capacidade de aprender e se relacionar. Assim, como disse antes, tudo tem a ver
com oportunidades de conviver e experienciar a vida de relação com uma pessoa
com deficiência.
Retornando à idéia de entidade,
consigo identificar dois problemas sérios que são conseqüência desta concepção
limitada acerca das diferenças existentes entre as pessoas com deficiências.
Primeiro, a grande maioria das crianças que poderia estar na escola regular na
idade apropriada permanece às margens do sistema educacional. Segundo, a
exclusão educacional na infância provoca a escolarização tardia do jovem com
deficiência, no caso da família persistir na tentativa de conseguir matricular seu
filho(a). Nesta situação, um outro tipo de discriminação se manifesta com
freqüência que é a alocação do jovem com deficiência nas séries iniciais, ou
seja, nas classes dos pequeninos... Esta decisão equivocada é causada por uma
concepção ultrapassada da capacidade para aprender ligada ao conceito de
Quociente de Inteligência (QI), que é o terceiro fator que considero bastante
relevante para discutir a questão da escolarização do jovem com deficiência.
Impacto causado pela concepção de inteligência medida pelo
Teste de QI no contexto educacional
Mundialmente, a educação especial
emergiu da necessidade de se criar algum tipo de serviço educacional compatível
com as características de aprendizagem das pessoas com deficiência (Ainscow
1993). Assim como em outros países, a educação especial emergiu, cresceu e se
expandiu como um sistema educacional segregado do sistema regular de ensino. Na
prática, entretanto, a educação especial introduziu um sistema de seleção,
avaliação, segregação e rotulação de alguns grupos de alunos baseados num
modelo médico-psicológico (Ainscow 1999) que destaca a dificuldade da criança com
deficiência em detrimento de sua integralidade como ser humano e como sujeito
de direito. No processo de
avaliação-diagnóstica e categorização da criança, jovem ou adulto com
deficiência, o Teste de Quociente de Inteligência teve historicamente um papel
significativo que não pode ser desconsiderado hoje.
A crença já vigente de que o ser
humano somente possuía uma inteligência oferece as bases da concepção de que
uns são mais inteligentes que outros. Neste contexto, o Teste de QI surge como uma forma de validar tal concepção através
de introduzir um sistema de classificação da Inteligência que classifica e
separa quem é capaz de aprender de quem não é capaz de aprender. O problema, a
meu ver, é que tal concepção perpassou a educação especial e as profissões
liberais de tal forma que acabou por criar uma dicotomia extremamente perversa
para a educação do jovem e adulto com deficiência, qual seja a relação (de
defasagem) entre idade mental - idade cronológica.
Qual é o impacto desta compreensão nas
escolas? O entendimento de que o aluno
com 19 anos tem idade mental de 6 anos acarreta concepções educacionais
equivocadas. Primeiro, acredita-se
que este aluno(a) deve freqüentar a primeira série para responder ao seu nível
intelectual. Segundo, assume-se que o jovem é uma criança e portanto deve ser
tratado como tal. Terceiro, o jovem não está apto para aprender comportamentos
compatíveis com sua idade. Quarto, o jovem deve ser privado de conviver com
jovens com idades equivalentes. Quinto, o jovem só tem condições de realizar
atividades que não envolvam muito raciocínio, isto é atividades artísticas e
esportivas e por aí vai.
Dados de um estudo que eu realizei
para o Banco Mundial em 2003(a) iluminam que é comum encontrar em escolas
alunos com deficiência integrados em sala de aula regular pré-escolar ou
alfabetização, independentemente de suas idades e do fato de serem fisicamente
maiores que os alunos da turma. Em geral, estes estudantes são avaliados pela
suas funções cognitivo-intelectivas ou habilidades físicas e de aprendizagem e
nunca pela suas necessidades sociais e de convivência com colegas de idades
semelhantes. O estudo também ilumina que
a crença cristalizada na ausência de inteligência do jovem com deficiência dá
bases a um processo educacional eminentemente voltado para as atividades
artísticas (música, desenho, teatro, etc.) e esportivas. Ao visitar 33 instituições de serviços
especializados no estado de Pernambuco, encontramos os seguintes evidencias:
q a
maioria oferece prioritariamente serviços de reabilitação (Fonoaudiologia,
Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Psicologia, etc),
q há
atualmente uma tendência a encaminhar as crianças ou jovens com deficiência
para as escolas regulares, mas isto é feita de forma assistemática e sem
critério educativos, ou seja, ´os serviços de apoio e incentivo à escolarização
ainda são bastante incipientes e, freqüentemente, sem um propósito educacional
voltado para garantir o acesso ou a permanência do aluno(a) na escola´, (p.46)
q algumas
organizações assumem o compromisso com a escolarização de seus cliente, contudo
as atividades oferecidas neste âmbito são eminentemente ´artísticas e esportivas são as privilegiadas no contexto educacional
para a maioria das crianças e jovens com deficiência, em detrimento de atividades
curriculares. Tal fato pode ser explicado pela falta de competências
específicas quanto à escolarização destas crianças´(p.46)
A crença na incapacidade da pessoa
com deficiência para aprender foi legitimada pela ciência e tem, desde então,
justificado a exclusão educacional de crianças, jovens e adultos. Gradualmente, contudo, a história e as
pesquisas revelaram que a concepção da segregação como o melhor meio de educar
não se sustenta mais e que o ser humano possui mais de uma inteligência. Hoje
já existem conhecimentos suficientes nas áreas de psicologia, educação,
sociologia, antropologia etc. que iluminam que a aprendizagem acontece na vida
de relação, isto é, na família, na escola e na sociedade e, para além destas
esferas humanas, as oportunidades de aprendizagem autônoma se ampliaram
significativamente com as novas tecnologias de informação e comunicação.
Da mesma forma como acontece nas
outras modalidades educacionais, fica claro que no contexto geral da EJA
brasileira, as necessidades básicas e educacionais das pessoas com deficiência
permanecem invisíveis. Pessoas com deficiência são brasileiro(a)s como qualquer
um dos aqui presentes, mas por estarem invisíveis vivem continuamente em
situação de risco e vulnerabilidade social e econômica. Embora existam inúmeras
ações educacionais dirigidas aos jovens e adultos com deficiências - algumas
das quais bem sucedidas e a maioria das quais com excelentes intenções - na
minha experiência tenho continuamente presenciado práticas e posições que, na
verdade, estão contribuindo para o fortalecimento das barreiras já existentes.
São exatamente estas barreiras que temos que identificar e combater.
Invisibilidade, crenças,
rótulos e a profecia do fracasso
Hoje abordei a barreira criada pela
invisibilidade histórica das pessoas com deficiência na sociedade; refleti
sobre a compreensão homogeneizada da deficiência como uma ‘entidade’ sem
diferenças individuais e do impacto causado pela concepção de inteligência
medida pelo Teste de QI nas decisões tomadas no contexto educacional. Todas
estas barreiras geram respostas sociais e atitudinais (individuais)
intrinsecamente excludentes e discriminatórias. O resultado é que, apesar de
estarmos no século XXI e discutindo como nos adaptar às mudanças rápidas trazidas
pelas novas tecnologias de informação, apesar de sabermos que o ser humano
possui múltiplas inteligências, apesar de defendermos direitos iguais para
todos, ainda reproduzimos respostas medievais quando se trata das pessoas com
deficiências.
A invisibilidade e a crença na
incapacidade da pessoa com deficiência gera a criação de rótulos que são uma
constante em uma sociedade que ainda não aprendeu a viver com a diversidade.
Rótulos de qualquer ordem devem ser combatidos em qualquer contexto e para qualquer
pessoa. Mas, no caso das pessoas com deficiência, os rótulos que reforçam a
crença na incapacidade devem ser fortemente confrontados como uma forma de
combater preconceitos e discriminação. A
invisibilidade histórica das pessoas com deficiências, somadas à crença na sua
incapacidade e aos rótulos sócias que tem sido criado estão na base da profecia
do seu fracasso... fracasso na vida, fracasso na escola. A profecia é a
realização de nossas crenças e, como tal, são perniciosas para o crescimento pessoal
de qualquer ser humano. No caso do jovem com deficiência, a invisibilidade, as
crenças, os rótulos estão presentes em suas vidas desde cedo e provocam impacto
em sua forma de ser e viver que vão comprometer ainda mais suas chances na
vida.
A complexidade subjacente a uma
história de exclusão não pode ser ignorada, mas não pode também se tornar um
instrumento de super-proteção da pessoa com deficiência e, conseqüentemente, de
sua segregação. Assim como para qualquer ser humano, a vida regular deve funcionar
como uma escola de aprendizagem e também o deve ser para a pessoa com
deficiência. Medo, pena, proteção exacerbada, submissão e outros mecanismos
sociais não são favoráveis ao desenvolvimento pleno da cidadania e, portanto,
devem ser eliminados do dia a dia do jovem com deficiência e substituídos por
coragem, empowerment, voz, poder de
participação e decisão... Somente assim será possível juntos construirmos
gradualmente uma sociedade que, de fato, celebre e respeite a diversidade
humana de todos.
Jovens e adultos que não tiveram
acesso à educação formal nas idades regulares estarão mais sujeitos a serem
empurrados para as margens da sociedade e, portanto, terão menos oportunidades
de desenvolvimento humano. Um jovem que por razões distintas foi excluído da
educação regular, na adolescência e vida adulta terá menos oportunidades de
acesso não somente ao que a escola oferece -- isto é, educação básica -- mas a
oportunidades para adquirir e desenvolver uma ampla gama de habilidades que
serão fundamentais para a sua autonomia como indivíduo e para sua capacidade de
participação e produção como cidadão.
Por mais que ainda existam
resistências à idéia de educação inclusiva, no contexto mundial atual do
colapso da educação oferecida para grupos em situação de desvantagem, as escolas
com orientação inclusiva constituem, de fato, o meio mais eficaz para combater
a exclusão, tenha ela a característica que tiver. Comunidades escolares inclusivas são
comunidades que reconhecem a diversidade humana como uma riqueza de recurso e celebram
as diferenças. São organizações que além de lutar contra a discriminação de
qualquer um de seus membros, criam mecanismos de participação e colaboração de
todos como uma forma de apoiar na identificação, busca e solução das barreiras
à aprendizagem de todos os aprendizes, isto é, aluno(a)s, professore(a)s,
gestores, pais, etc. Escolas inclusivas são escolas que antes de mais nada
consideram a educação como um direito humano e, portanto, procuram garantir que
todos tenham acesso a escolarização. É claro que ainda há muito a aprender e a
mudar, mas começar a rever as próprias concepções é o primeiro passo.
Pela origem e função social da EJA,
é importante destacar que ‘nenhuma modalidade educativa tem uma opção tão clara
e prioritária pelos setores vulneráveis, em condição de marginalidade
sócio-econômica e desigualdade de oportunidades educativas, como a educação de
jovens e adultos’ (Rivero 2000: p. 105). Em outras palavras, é o mesmo que
dizer que a EJA traz em seu bojo o compromisso político com a luta contra a
pobreza e a vulnerabilidade social acarretada por ela. Exatamente por isso que discutir a função da
EJA no âmbito da educação das pessoas com deficiência é oportuno, é relevante e
é crucial para que se aprofunde o debate e a reflexão sobre lacunas nas
políticas públicas assim como se iluminem possíveis caminhos para
avançarmos.
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Alguns
de meus artigos caso você tenha interesse de ler mais sobre os temas:
EJA
& Deficiência
Diversidade
& Inclusão
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A ciência por trás dos Atletas Paralímpicos
Pesquisas, testes, cálculos e treinamento pesado são
alicerces do alto rendimento e da conquista de medalhas.
AVALIAÇÕES
E CÁLCULOS, FEITOS POR ESPECIALISTAS EM ALTA PERFORMANCE, AJUDAM ATLETAS A
SUPERAR SUAS MARCAS (FOTO: ALEXANDRE BATTIBUGLI)
A performance dos atletas paralímpicos é realmente
incrível.
Só para se ter ideia, em uma prova de atletismo de 100
metros rasos, a diferença entre um atleta olímpico e um paralímpico pode ser de
menos de um segundo. Para chegar lá, no entanto, eles dão duro: no mundo do
alto rendimento é preciso superar os próprios limites. E é aí que a ciência
pode ajudar. Muitas das medalhas conquistadas na Paralimpíada de Londres, em
2012, e as próximas que certamente virão no Rio, tiveram como ponto de partida
o Núcleo de Alto Rendimento (NAR), em São Paulo, local que une o melhor de um
centro de pesquisas com o melhor de um centro de treinamento.
Núcleo
de Alto Rendimento (NAR)
É no NAR que Amaury
Veríssimo, técnico com 30 anos de experiência em paradesporto e atual
comandante do paratletismo do Brasil, avalia e treina medalhistas como Alan
Fonteles, Yohansson Nascimento, Terezinha Guilhermina, Lucas Prado, Daniel
Mendes, Silvânia Costa de Oliveira e Lorena Spoladore. A partir de alguns
testes e muitos cálculos feitos pela equipe do NAR, são descobertos os pontos
que os atletas precisam aperfeiçoar. "Esse trabalho nos auxilia na
prescrição do melhor treinamento, de acordo com cada necessidade", conta
Veríssimo. E foi nesse templo do alto rendimento que ele nos recebeu para um
bate-papo exclusivo sobre paradesporto e performance.
AMAURY VERÍSSIMO, TÉCNICO
DO ATLETISMO PARALÍMPICO BRASILEIRO, CONTA COM A AJUDA DO NÚCLEO DE ALTO
RENDIMENTO (NAR) PARA FORMAR CAMPEÕES (FOTO: GUTO GONÇALVES / ESTÚDIO 13)
Qual
o papel do NAR na formação de grandes atletas?
Não
se pode falar em alto rendimento sem ciência. E o NAR, sob o comando de Irineu
Loturco, doutor em metodologia do treinamento para o alto rendimento, é o
centro esportivo pensante no país. Com uma equipe multidisciplinar que envolve
fisiologistas, técnicos, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros, o NAR
nos ajuda a fazer um trabalho rigoroso de avaliação para descobrirmos o
potencial dos nossos atletas e como podemos melhorar os pontos que necessitam
de maior atenção. Realizamos uma infinidade de testes: velocidade, saltos,
resistência aeróbica e anaeróbica, lateralidade, flexibilidade.
Assista este incrível vídeo abaixo sobre o Núcleo de Alto Rendimento !!!
Como saber se um paratleta está apto para o alto rendimento?
Observando e treinando. Enquanto no esporte
convencional se descobrem talentos prontos, no paradesporto nós vamos atrás de
potenciais e passamos a desenvolvê-los. Nós formamos o atleta.
As
Paralímpiadas Escolares
As Paralimpíadas Escolares, programa que o Comitê
Paralímpico Brasileiro (CPB) criou e que abrange todo o país, vêm sendo a maior
seletiva de atletas para o esporte paralímpico. Ali podemos observar aqueles
que têm maiores chances de evoluir e oferecemos condições de crescimento. Fora
isso, aparecem casos esporádicos, como o do Vinícius Rodrigues. Há dois anos
ele sofreu um acidente de moto e perdeu a perna. Antes, não era atleta ‒ corria
apenas por condicionamento físico. Depois, passou a buscar oportunidades no
paratletismo. Vimos que era um guri novo, de 20 anos, com muita vontade de
fazer resultados, e estamos apostando nele.
Como
é o treinamento de um atleta paralímpico?
É duro, igual ao de um convencional. Alto rendimento não tem zona de conforto
para ninguém. A teoria do treinamento não muda nada por conta da deficiência.
Tem que correr forte, vai correr forte. Tem que saltar, vai trabalhar o
movimento de salto. A duração varia de três a seis ou mais horas diárias.
Dedicamos apenas um pouco mais de atenção porque a deficiência pode deixar o
atleta defasado em alguns pontos. O amputado acima do joelho, por exemplo, pode
ter um problema de quadril porque passou a andar diferente, a biomecânica dele
mudou. Então, em termos de reforço muscular, o que fazemos são adaptações. Mas
trabalhamos com o que o atleta tem, a fim de que ele chegue o mais próximo
possível do equilíbrio corporal. É uma tarefa minuciosa e individualizada.
ESTRELAS DO PARATLETISMO,
COMO YOHANSSON NASCIMENTO E VERÔNICA HIPÓLITO (À ESQ.) E ALAN FONTELES (À
DIR.), SÃO DESAFIADAS CONSTANTEMENTE NO NAR (FOTO: GONÇALVES / ESTÚDIO 13)
O que China e Rússia, as maiores potências paralímpicas
do mundo, têm e que ainda falta ao Brasil?
Tecnicamente falando, a diferença está nas condições de trabalho. Esses países
têm centros de treinamento fantásticos. Aliás, qualquer país que tenha
pretensão de estar entre as grandes potências olímpicas e paralímpicas tem que
investir em bons centros de treinamento. Dessa maneira, você pode descobrir um
atleta com potencial e treiná-lo. É certo que demos um salto quando, com a
gestão do CPB, foi criado um centro de referência, com uma equipe
multidisciplinar para cuidar do atleta. E agora que passamos a contar também
com um excelente centro de treinamento, em São Paulo, as chances de termos
melhores atletas são maiores. Podemos buscar atletas em qualquer parte do país
e, junto com o treinador, avaliar e mostrar onde é possível crescer.
Até onde pode chegar um atleta com prótese?
Vai depender de quem a está usando. A prótese foi feita para ajudar na
performance, como os carros de F1. Agora, quem está dentro tem que saber
dirigir. Têm muitos com prótese igual à do Alan Fonteles, mas não são todos que
vão conseguir chegar à marca que ele faz. Equipamento ajuda, mas não transforma
em superatleta.
O plástico e a melhora da performance]
Desde que o plástico começou a ser utilizado na
confecção de próteses nos anos 1940, as pessoas passaram a contar com mais
conforto, leveza e estabilidade ‒ o que também contribuiu para o ganho de
qualidade de vida e de performance dos atletas paralímpicos ao longo dos anos.
"Temos a crença e o propósito de melhorar a vida da sociedade por meio da
química e do plástico ‒ e as próteses são um exemplo disso. Em relação aos
resultados esportivos, só temos a comemorar a diferença que elas fazem na vida
dos atletas", diz Marcelo Arantes, vice-presidente de Pessoas, Marketing,
Comunicação Empresarial e Desenvolvimento Sustentável da Braskem, empresa que
patrocina a campeã Equipe Brasileira de Paratletismo.
Fonte:
Copiado na íntegra de: http://revistagalileu.globo.com/Publicidade/Braskem/noticia/2016/08/ciencia-por-tras-dos-atletas-paralimpicos.html
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TRABALHO CIENTÍFICO SOBRE PARALÍMPIADAS
O Híbrido Paraolímpico:
Ressignificando o Corpo do Atleta com Deficiência a partir de
Práticas Tecnologicamente Potencializadas
RESUMO
A pesquisa analisou os significados culturais que vem sendo
atribuídos aos atletas com deficiência física que utilizam como prótese a
cadeira de rodas, tentando perceber de que forma potencializam seus usos. O
material empírico foi coletado, no período de dezembro de 2004 a janeiro de
2006, em eventos esportivos, nas rotinas de treinamento desses atletas e,
também, em alguns encontros sociais com os dirigentes de três instituições que
desenvolvem ações de apoio e incentivo ao esporte adaptado na cidade de Porto
Alegre, locais onde garimpei informações através da observação participante. O
estudo, que se caracteriza metodologicamente como uma análise qualitativa que
utiliza estratégias de captação etnográfica, consiste em descrever e analisar
alguns acontecimentos carregados de enunciados que atravessam o corpo desses
atletas. Para desenvolvê-lo, utilizo-me da perspectiva teórica dos Estudos
Culturais e Sócio-históricos do corpo e de autores e autoras que têm
problematizado a noção de corpo no pós- modernismo a partir de pressupostos
teóricos pós-estruturalistas. Com base nesse procedimento aponto, a partir da
relação corpo-tecnologia, possibilidades de perceber esses corpos como
híbridos, ciborgues, potencializados tecnologicamente, destacando, ao final,
possíveis rupturas nos significados hegemônicos que os interpelam
culturalmente.
PALAVRAS-CHAVE: Atleta com Deficiência – Cadeirante – Esporte
Adaptado – Estudos Culturais.
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Referência:
NOVAES,
Varlei de Souza. O Híbrido Paraolímpico: Ressignificando o Corpo do
Atleta com Deficiência a Partir de Práticas Tecnologicamente
Potencializadas. Dissertação de Mestrado submetida ao programa de Pós
Graduação em Ciências do Movimento da Universidade Federal do rio Grande do
Sul. 2006. 155pp.
Acesse a dissertação na íntegra clicando AQUI
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Literatura sobre Surdocegueira (ALMEIDA, 2015 pp 22-23)
ARÁOZ, S.M.M. Experiências de pais de múltiplos deficientes sensoriais
- surdocegos: do diagnostico à educação especial. Dissertação de Mestrado, São
Paulo 1999.
Artigo: http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2001/02/a9.htm
FORCHETTI, D. A historia de Iago: o menino guerreiro no
mundo da comunicação alternativa. Dissertação de Mestrado, 2000.
Resumo: http://artedainclusao.blogspot.nl/2010/05/resumo-da-dissertacao-de-mestrado-em.html
Resumo: http://artedainclusao.blogspot.nl/2010/05/resumo-da-dissertacao-de-mestrado-em.html
CADER-NASCIMENTO, F. A. Implementação e avaliação empírica de
programas com duas crianças surdocegas, suas famílias e professoras. Tese de
Doutorado, 2003.
Artigo: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/2845
ALMEIDA, C. A. F. A comunicação entre membros de uma comunidade
de surdos e surdocegos de Prata-MG. Dissertação de Mestrado, 2004.
Artigo: https://www.google.nl/#q=A+comunica%C3%A7%C3%A3o+entre+membros+de+uma+comunidade+de+surdos+e+surdocegos+de+Prata-MG.
Artigo: https://www.google.nl/#q=A+comunica%C3%A7%C3%A3o+entre+membros+de+uma+comunidade+de+surdos+e+surdocegos+de+Prata-MG.
MAIA, S.R. A educação do surdocego: diretrizes básicas para pessoas
não especializadas. Dissertação de Mestrado, 2004.
Artigo: http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/179.htm
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ARIAS, M. H. R. Perfil clínico-social do indivíduo
surdocego. Dissertação de Mestrado, 2004.
CORMEDI, M.A. Referências de currículo na elaboração de programas
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deficientes. Dissertação de Mestrado, 2005.
PALACIOS, A.C. Respostas eletrodérmicas de crianças com deficiência
visual e desordem na modulação sensorial. Dissertação de Mestrado, 2005.
OLMOS, H. B. Mães de adolescentes surdocegos: expectativas quanto
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Mestrado, 2005.
MESQUITA, S. R. A interação comunicativa do surdocego: a
arte de contar histórias adaptadas, ressignificando as estratégias de ensino.
Dissertação de Mestrado, 2006.
FREDERICO, C. E. O domínio de atividade de vida autônoma e social
referentes à alimentação de crianças surdocegas. Dissertação de Mestrado, 2006.
CAMBRUZZI, R. C. S. efetivação de atitudes comunicativas
entre mãe e adolescente surdocega: construção de significados compartilhados.
Dissertação de Mestrado, 2007.
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Inclusivo: percepção do surdocego. Dissertação de Mestrado, 2008.
GIACOMINI, L. Orientação e locomoção da pessoa com surdocegueira
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ALMEIDA, C. M. A. A aquisição da linguagem por uma surdocega
pré-linguistica numa perspectiva sociocognitivo-interacionista. Tese de
Doutorado, 2008.
ANDREOSSI, S. C. Pré-requisitos para a orientação e
mobilidade da criança com surdocegueira congênita. Dissertação de Mestrado,
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GALVÃO, N. C. S. S. A comunicação do aluno surdocego no cotidiano
da escola inclusiva. Tese de Doutorado, 2010.
SOUZA, M. M. Surdocegueira e deficiência múltipla sensorial:
análise do Programa Atendimento Domiciliar e Famílias Apoiadas. Dissertação de
Mestrado, 2010.
CORMEDI, M, A. Alicerce de significados e sentidos: a
aquisição de linguagem na surdocegueira congênita. Tese de Doutorado, 2011.
MAIA, S. R. O despertar da interação e comunicação em
crianças com surdocegueira e com deficiência múltipla pelo prazer de brincar. Tese
de Doutorado, 2011.
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CONCEPÇÃO E JULGAMENTO MORAL SOBRE BULLYING NA ESCOLA: estudo de caso.
Catarina Carneiro Gonçalves
Universidade Federal da Paraíba
Resumo
Situações de bullying
em âmbito escolar têm se tornado uma das maiores preocupações de educadores
(as) e profissionais ligados à educação, em função de atingirem o alunado em
variadas idades e em altas proporções, chegando a ser apontadas como a maior
manifestação de violência escolar no Brasil. Explicar as compreensões de
docentes acerca das causas, características e ações de enfrentamento dessa
problemática é um caminho importante para problematizar a atuação de
professores (as) diante do bullying,
visto que são eles os maiores responsáveis pelas intervenções e superação da
questão. Nesse sentido, esta investigação, do tipo Estudo de Caso de caráter
exploratório, tem como principal objetivo conhecer os julgamentos morais de
docentes (de uma escola particular da região metropolitana do Recife) sobre bullying escolar. Para isso, contou com
17 educadores atuantes na Educação Básica, escolhidos a partir da
disponibilização voluntária para a participação de um encontro de formação
continuada sobre bullying escolar. Os dados foram analisados qualitativamente,
a partir da análise da enunciação proposta por Bardin (1979), levando em
consideração os pressupostos teóricos da Psicologia Moral e dos Estudos
Culturais da Educação. Os resultados de pesquisa apontam para o fato de que há,
por parte dos educadores, uma crença de que o problema seja de responsabilidade
exclusiva das famílias, o que leva os docentes a uma dificuldade em definir
formas de superação dessa violência ligadas às práticas de instalação de um
ambiente cooperativo em sala de aula. Tal fato pode ser compreendido em função
de encontrar-se uma compreensão determinista sobre os comportamentos de bullying entre os educadores, visto que
eles equacionam os comportamentos de violência na escola à falta de educação
doméstica (o que os leva a pensar que cabe exclusivamente a família a
responsabilidade da intervenção). Além
disso, em caso de alvos-provocadores de bullying,
foi constatado que há uma responsabilização do sujeito que é vitimizado na
escola, de modo que os professores se isentam da responsabilidade de atuar no
enfrentamento do problema, à medida que culpam o próprio alvo por seu processo
de vitimação. Tal forma de pensar, bastante heterônoma, ajuda a difundir a
crença de que a violência pode ser justificada.
Palavras- chave: bullying; escola; educação básica; julgamento docente, psicologia
moral
Para acessar a dissertação na íntegra, clique aqui.
____________________________
O Discurso Médico-Psicológico na Configuração do
Campo
da Educação Especial
Kelly
Cristina Brandão Silva
Universidade Metodista de São Paulo-UMESP
Resumo
Neste trabalho, discute-se
a aliança de compromisso entre a Medicina e a Psicologia na configuração da
Educação Especial no Brasil. Importante evidenciar que a Psicologia, ao sair do
campo da Filosofia e almejar o status de ciência, incorpora o corpus
epistemológico da Medicina, principalmente no que se refere aos conceitos de
adaptação e desenvolvimento oriundos da Biologia. Dessa forma, o funcionamento
dito psicológico é muitas vezes reduzido à maturação, o que implica diretamente
uma concepção predeterminada acerca da aprendizagem, por exemplo. Analisar
alguns matizes históricos, os quais evidenciam a confluência entre Medicina e
Psicologia, objetiva problematizar por que, ainda hoje, em tempos de educação
inclusiva, são preferencialmente médicos e psicólogos que são chamados à escola
em nome de um saber especialista. O campo social e político, no qual a escola
está imersa, fica imune às críticas perante a hegemonia do discurso
médico-psicológico. Destaca-se que o atendimento escolar do diferente, nos seus
primórdios, ocorria em classes anexas a hospitais e asilos, geralmente de
caráter filantrópico, o que denota, na origem, a influência do campo médico,
responsável por tais instituições. Pautando-se nos procedimentos da Medicina, a
Educação Especial incorpora a visão clínica através dos processos de
reabilitação e legitima a deficiência como uma questão individual, em
consequência de fatores orgânicos. Conclui-se que o saber médico-psicológico
foi determinante na definição do atendimento escolar especializado, em
instituições exclusivas, daquelas crianças consideradas inadequadas ao ensino
regular.
Palavras-chave: Educação
especial, Medicina, Psicologia.
Para acessar o artigo na
íntegra clique aqui.
SILVA, Kelly Cristina
Brandão. O discurso médico-psicológico na configuração do campo da Educação
Especial. REVEDUC - Revista Eletrônica de Educação, v. 10, n. 1, p. 69-87, 2016
____________________________________________
Abordagem Relacional entre Família e Escola sob
a Perspectiva do Professor
Aline Maira da Silva
Leonardo Santos Amâncio Cabral
Morgana de Fátima Agostini Martins
Resumo
O presente artigo aborda a
relação entre a família de alunos que compõem o público-alvo da Educação
Especial e a escola. Com vistas a contribuir com as discussões sobre a
temática, foi realizado um levantamento por meio da aplicação de questionário
junto a 19 professoras de oito escolas municipais de Dourados/MS. No que tange
à relação entre escola e família do aluno com deficiência, os resultados
indicaram haver atividades de parceria entre seus atores, com participação,
diálogo, respeito, execução de orientações, acompanhamento das atividades e
valorização da socialização e aprendizagem desses alunos. Os dados sugerem,
contudo, a necessidade de se fomentar o estabelecimento de uma relação mais
efetiva e colaborativa entre os profissionais da escola e os membros familiares,
de modo a possibilitar uma compreensão holística das necessidades, interesses e
potencialidades dos alunos com deficiência e, concomitantemente, possibilitar
aos familiares o acesso a informações sobre seus direitos, responsabilidades e
recursos.
Palavras-chave:
Inclusão Escolar. Parceria Colaborativa. Relação família-escola.
Acesse o artigo completo em:
SILVA, Aline Maira da, CABRAL, Santos Amâncio e MARTINS, Morgana
de Fátima Agostini. Interfaces da Educação, Paranaíba, v.7, n.19, p.191-205,
2016
_______________________VULNERABILIDADE À VIOLÊNCIA SEXUAL NO CONTEXTO DA ESCOLA INCLUSIVA:
REFLEXÃO SOBRE A INVISIBILIDADE DA PESSOA COMO DEFICIÊNCIA
Windyz Brazão Ferreira
INTRODUÇÃO
Violência sexual contra a criança é crime e sua punição é prevista no Código Penal Brasileiro. Contudo, a maioria dos casos ocorre em ambientes familiares à vítima e, por isso mesmo, deixam de ser percebidos ou, quando o são, não são denunciados e julgados. Dessa forma, a vítima pode ficar anos à mercê do adulto-agressor e, como veremos neste artigo, desenvolver inúmeros problemas que prejudicarão sua vida social, escolar, de relacionamentos os quais, em muitos casos, constituirão a raiz da deficiência, segundo a literatura. Entre as vítimas de abuso sexual estão as pessoas com deficiência.
Violência sexual contra a criança é crime e sua punição é prevista no Código Penal Brasileiro. Contudo, a maioria dos casos ocorre em ambientes familiares à vítima e, por isso mesmo, deixam de ser percebidos ou, quando o são, não são denunciados e julgados. Dessa forma, a vítima pode ficar anos à mercê do adulto-agressor e, como veremos neste artigo, desenvolver inúmeros problemas que prejudicarão sua vida social, escolar, de relacionamentos os quais, em muitos casos, constituirão a raiz da deficiência, segundo a literatura. Entre as vítimas de abuso sexual estão as pessoas com deficiência.
O abuso sexual é um tema extremamente delicado porque envolve abordar assuntos íntimos sobre a vida sexual das pessoas, situação que gera vergonha, indignação e muita dor aos familiares quando eles assumem expor os agressore(a)s que, na maioria dos casos, são membros de suas famílias. O abuso sexual é um crime que acontece em qualquer camada social, envolve pessoas com nível educacional distinto e sempre resulta em prejuízos significativos para a vítima.
Neste artigo abordaremos como a pessoa com deficiência é um alvo de agressores e constitui uma vítima fácil porque pode ser incapaz de se expressar, como no caso das pessoas surdas ou de pessoas com deficiência mental; pode estar imobilizada, como no caso de pessoas com deficiências físicas ou pode até mesmo não reconhecer o agressor, como no caso de cegos. Aqui, portanto, dirijo o foco de nossa atenção especificamente ao grupo social constituído pelas pessoas com deficiência por causa de sua vulnerabilidade ao abuso sexual, tema ainda pouco explorado e debatido na América Latina.
O argumento aqui defendido é o de que a vulnerabilidade das pessoas com deficiência à violência sexual tem como raiz dois fortes fatores: primeiro sua invisibilidade na malha social e, segundo, o fato de que a condição ‘deficiência’ oferece segurança ao perpetrador do abuso sexual porque ele tem consciência de que o risco de desvelamento do crime e de denúncia é insignificante: quem vai acreditar em uma pessoa com deficiência? Como ela vai explicar o que aconteceu?...
Para tratar deste tema de fundamental relevância no contexto atual da educação inclusiva, neste artigo, primeiro clarifico o abuso sexual enquanto conceito. A seguir, apresento os sinais que indicam que o abuso sexual pode ter ocorrido (ou está ocorrendo). Na seção seguinte, faço uma análise acerca da invisibilidade social das pessoas com deficiência da malha social, a partir da qual sua vulnerabilidade à violência sexual se configura e, finalmente elaboro uma reflexão sobre o papel da escola no engajamento com o tema, na promoção da prevenção, identificação e denúncia de abuso sexual.
Com esta reflexão viso inserir o fenômeno do abuso sexual contra as pessoas com deficiência no debate sobre o desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos, pois a função da escola e dos educadore(a)s é também promover e defender os direitos de seus estudantes dentro e fora dos espaços escolares, assegurando dessa forma as condições necessárias para o combate dos fatores que geram barreiras à escolarização e à aprendizagem.
FERREIRA., Windyz Brazão. VULNERABILIDADE À VIOLÊNCIA SEXUAL NO CONTEXTO DA ESCOLA INCLUSIVA: REFLEXÃO SOBRE A INVISIBILIDADE DA PESSOA COMO DEFICIÊNCIA. REICE-Revista Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia Y Cambio em Educación. Vol 06 No. 02. 2008.
Para acessar artigo na íntegra, clique no link abaixo:
http://www.rinace.net/arts/vol6num2/art9_htm.htm
SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
20 ANOS DEPOIS DE SALAMANCA...
ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS ?
REVISTA POÍESIS Pedagógica. UFG. CATALÃO-GO. Vol. 13 No. 1. Jan/jun
2015. Pp. 87-106.
http://www.revistas.ufg.br/index.php/poiesis/article/view/35977/18638
http://www.revistas.ufg.br/index.php/poiesis/article/view/35977/18638
Resumo
Este artigo tem como foco o cenário da educação das pessoas com deficiência, 20 anos depois de a Declaração de Salamanca da UNESCO ter lançado, em 1994, o princípio da inclusão e o movimento da educação inclusiva. Meu objetivo, neste ensaio, é o de discutir sobre o atual momento da política de inclusão escolar - Onde estamos? - e o que o futuro reserva educacionalmente para esse grupo social - Para onde vamos? - Para tanto, primeiro, trato da inclusão do estudante com deficiência na escola regular brasileira, por meio de um breve panorama internacional do movimento da educação inclusiva pós-Salamanca. Segundo, discuto sobre o impacto dessa política educacional no sistema educacional brasileiro e como ela vem criando espaços excludentes nas escolas, apesar do discurso oficial pró-inclusão. Terceiro, com base nesse panorama, apresento minha visão acerca do futuro para estudantes com deficiência e apresento cinco fatores que demandam aprofundamento e reflexão crítica para qualificar politicamente o debate na área. Finalmente, apresento as considerações finais dessa reflexão sobre a política de inclusão do governo federal, procurando evidenciar a desigualdade que é marca histórica do sistema educacional brasileiro.
Este artigo tem como foco o cenário da educação das pessoas com deficiência, 20 anos depois de a Declaração de Salamanca da UNESCO ter lançado, em 1994, o princípio da inclusão e o movimento da educação inclusiva. Meu objetivo, neste ensaio, é o de discutir sobre o atual momento da política de inclusão escolar - Onde estamos? - e o que o futuro reserva educacionalmente para esse grupo social - Para onde vamos? - Para tanto, primeiro, trato da inclusão do estudante com deficiência na escola regular brasileira, por meio de um breve panorama internacional do movimento da educação inclusiva pós-Salamanca. Segundo, discuto sobre o impacto dessa política educacional no sistema educacional brasileiro e como ela vem criando espaços excludentes nas escolas, apesar do discurso oficial pró-inclusão. Terceiro, com base nesse panorama, apresento minha visão acerca do futuro para estudantes com deficiência e apresento cinco fatores que demandam aprofundamento e reflexão crítica para qualificar politicamente o debate na área. Finalmente, apresento as considerações finais dessa reflexão sobre a política de inclusão do governo federal, procurando evidenciar a desigualdade que é marca histórica do sistema educacional brasileiro.
Palavras-chave:
política de inclusão escolar; deficiência; desigualdade social e educacional; exclusão
_______________________________________DESAFIOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NO BRASIL
Alfabetização e Cidadania nº 19 Julho de 2006
Acesse o artigo Completo em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001465/146580por.pdf
“Também não se avaliou o alcance da meta de promoção de uma educação de jovens e adultos inclusiva, sensível às necessidades de mulheres, idosos, indígenas, pessoas com deficiência e presidiários”. (Pierro 2004, p. 21)
Este artigo tem como objetivo responder à pergunta situando-a
no âmbito das políticas públicas educacionais inclusivas, ou
seja, a política que tem como objetivo combater a exclusão
educacional através do acesso e da promoção da melhoria da
qualidade educacional para todo(a)s aquele(a)s que, por razões
distintas, não encontram em sua vida oportunidades de serem
escolarizado(a)s, isto é, “pessoas com necessidades educacionais
especiais”, segundo a Declaração de Salamanca (UNESCO 1994).
No Brasil, historicamente, o termo necessidades educacionais
especiais ainda está fortemente ligado à educação da pessoa com
deficiência. Contudo o documento de Salamanca (UNESCO
1994) estabelece que diz respeito a qualquer educando(a)
“cujas necessidades decorrem de deficiências ou dificuldades
de aprendizagens que emergem em qualquer tempo ou fase da
escolarização” (p.6). Assim, qualquer estudante, independentemente
de faixa etária, origem, raça, cor, condições físicas,
emocionais, intelectuais e outras condições, que encontra
barreiras para aprender no ensino formal ou informal deve ser
considerado um estudante com necessidades educacionais
especiais. Com base nessa definição, portanto, podemos afirmar
que, no Brasil, entre os grupos sociais que encontram barreiras
para terem acesso à educação e ao currículo estão as populações
de zonas rurais e as que vivem em áreas remotas, o(a)s jovens e
adultos(as) analfabeto(a)s, as pessoas com deficiência, os(as)
filho(a)s das populações de baixa renda, o(a)s afrobrasileiro(a)s,
o(a)s indígenas, o(a)s quilombolas, as pessoas com HIV/Aids.
Reconhecendo a urgência de garantir os direitos da pessoa
com deficiência em todas as modalidades e etapas educacionais,
o presente artigo aborda questões especificamente pertinentes às pessoas com deficiência porque seus direitos à educação têm
sido sistematicamente negados, apesar da extensa legislação
vigente (vide MEC/SEESP 2001). Os dados do Censo Escolar
2005 mostram que dos cerca de 57 milhões de crianças, jovens
e adultos matriculados na educação básica oferecida pela rede
de ensino pública ou privada, apenas em torno de 640 mil
matrículas correspondem a estudantes com necessidades
educacionais especiais1
, número que representa pouco mais de
1% do total de estudantes no país (INEP 2005).
Com este artigo pretendo, pois, contribuir para clarificar
o panorama atual da educação dos jovens e adultos com deficiência
no contexto da EJA. Para tanto, primeiro abordo de
forma sucinta o contexto internacional do movimento da educação
para todo(a)s, iniciado em 1990 em Jomtien na Tailândia,
e da educação inclusiva lançado em 1994 em Salamanca, buscando
nesses documentos subsídios para explicitar como as pessoas
com deficiência foram mantidas à margem dos sistemas
educacionais na idade própria e se tornaram estudantes
potenciais de EJA. Segundo, apresento o panorama da legislação
brasileira a fim de explorar leis que garantem o direito
à educação e à inclusão de pessoas com deficiência no sistema
regular de ensino (e não em escolas ou classes especiais!)
e, portanto, seu direito de acesso às turmas de EJA. Por fim,
abordo alguns dos desafios mais significativos que perpassam
o processo de inclusão das pessoas com deficiência nas
turmas de EJA, para a seguir, apresentar algumas considerações
finais sobre tal realidade.
A ESCOLARIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM FISSURA LÁBIO PALATAL
UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
Dissertação de mestrado apresentada no 1º Congresso Internacional “Ser
professor de Educação Especial” em Portugal, publicada no site webartigos.com e no Blog Sorriso Aberto.
Autora: Glorismar Gomes da
Silva
Resumo
O objetivo desse texto é trazer a tona e investigar o contexto escolar de crianças que nascem com Fissura Lábio Palatal e a sua experiência como alunos de classe do ensino fundamental em escolas públicas, frente às exigências do cotidiano escolar. Sabemos que, embora as fissuras faciais sejam comuns de acontecer na população de um modo geral, a exploração e os estudos sobre o tema ainda se centram nos procedimentos cirúrgicos e de reabilitação. Diante disto, encontramos dificuldades de encontrar, no meio acadêmico, na literatura e em estudos, conteúdos relativos aos aspectos educacionais dessas pessoas. A escassez de materiais sobre o assunto foi um dos motivos que nos levou a estudar sobre as malformações orofaciais, dentro de uma perspectiva educacional.
O objetivo desse texto é trazer a tona e investigar o contexto escolar de crianças que nascem com Fissura Lábio Palatal e a sua experiência como alunos de classe do ensino fundamental em escolas públicas, frente às exigências do cotidiano escolar. Sabemos que, embora as fissuras faciais sejam comuns de acontecer na população de um modo geral, a exploração e os estudos sobre o tema ainda se centram nos procedimentos cirúrgicos e de reabilitação. Diante disto, encontramos dificuldades de encontrar, no meio acadêmico, na literatura e em estudos, conteúdos relativos aos aspectos educacionais dessas pessoas. A escassez de materiais sobre o assunto foi um dos motivos que nos levou a estudar sobre as malformações orofaciais, dentro de uma perspectiva educacional.
Merece atenção especial a
entrada da criança com fissura na escola, pois representa o primeiro e mais
importante ambiente extra familiar, ou seja, de maior influência na sua vida,
em que ela será alvo de julgamentos e avaliações, tendo em vista que “nossas
escolas refletem valores sociais onde considerável ênfase é colocada na
aparência física normal e em habilidades verbais” (ALTMANN, 1994, p. 504).
_______________________________________
Educar na diversidade:
práticas educacionais inclusivas na sala de aula regular
Windyz Brazão Ferreira, PhD
Universidade Federal da Paraíba
windyzferreira@hotmail.com
Inúmeros são os desafios que o sistema educacional enfrenta para se tornar, de fato, um sistema inclusivo para todo(a)s. Entre outros, identifico como desafios cruciais: a garantia de acesso à educação de qualidade em qualquer nível educacional; o desenvolvimento da educação de professore(a)s com a finalidade de preparar todo(a)s o(a)s docentes brasileiro(a)s para ensinar usando didáticas inovadora que promovam a inclusão de todo(a)s nas atividades realizadas na escola e nas salas de aula e, finalmente, o desafio de formar docentes capazes de educar na diversidade, isto é, capazes de flexibilizar e enriquecer o currículo para ensinar todo(a)s o(a)s estudantes.
Este artigo aborda esses desafios e oferece uma reflexão que indica a articulação entre desenvolvimento da qualidade em educação e formação docente para educar na diversidade por meio do uso de estratégias de ensino que, simultaneamente, rompem com o modelo tradicional de funcionamento da sala de aula e propiciam oportunidades mais igualitárias de aprendizagem para todos o(a)s estudantes.
Para ler o artigo na íntegra, clique em:
FERREIRA, Windyz Brazão. Educar na diversidade: práticas educacionais inclusivas na sala de aula regular. Ensaios Pedagógicos, Educação Inclusiva:direito à diversidade. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Brasília: 2006, pp. 125-131.Disponível em:
ORGANIZAÇÃO E CONFORTO NA SALA DE AULA:
ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A REORGANIZAÇÃO
DOS ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM
Glorismar
Gomes da Silva
Windyz
B. Ferreira
Resumo
Este artigo apresenta o estudo exploratório
que têm como foco a organização e conforto ambiental dos espaços de
aprendizagem. Nosso objetivo é demonstrar a importância deste tema no âmbito
dos debates e estudos sobre a educação inclusiva porque a mudança da
organização convencional da sala de aula e outros espaços educativos tanto favorece
uma prática pedagógica inclusiva como aproxima os estudantes por meio de
parcerias e colaboração.
Os dados foram colhidos em duas escolas
entre 2011-2012 e de um grupo de 32 professoras que eram estudantes do Curso de
Pedagogia na modalidade à distância (com o foco na educação infantil) da Universidade
Federal Paraíba em 2012. Os achados de
nosso estudo, desenvolvido em duas escolas publicas, revelam que as mudanças
dos ambientes com vista ao desenvolvimento da organização e conforto na sala de
aula não estão previstas no Projeto Pedagógico da Escola e, em geral, não são
pensadas ou planejadas previamente pela gestão e pelos professores/as. Dessa
forma, nesta
comunicação, argumentamos que o tema organização e conforto nos espaços
escolares precisa ser, urgentemente, introduzido na pauta dos estudos sobre
formação de professores, práticas pedagógicas e políticas públicas de inclusão.
Palavras chaves: organização
e conforto, ambientes escolares, política escolar, inclusão.
Para acessar o artigo na íntegra, clique em:
http://congressopinandee2013.weebly.com/uploads/1/6/4/6/16461788/46..pdf
Para acessar o artigo na íntegra, clique em:
http://congressopinandee2013.weebly.com/uploads/1/6/4/6/16461788/46..pdf
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