Hoje – dia 21 de Março – é o Dia Internacional da [Pessoas com] Síndrome de
Down.
Com certeza é um
dia para parar e aprender, refletir sobre nossas concepções, crenças e posições
acerca desta população e, principalmente nos conscientizar sobre as
potencialidades e realizações das pessoas com Síndrome de Down. Aqui vou,
então, fazer isso...
Para aprender...
- Quando e por quem a Síndrome de Down foi descrita?
A SD foi descrita em 1866 por John Langdon Down. Esta alteração genética afeta o
desenvolvimento do indivíduo determinando algumas características físicas
e cognitivas comuns a tod@s que nascem com esta alteração genética
- Você sabe porque o dia de celebração deste grupo social é 21 de março?
21/03 foi a data escolhida para esta celebração e
momento de conscientização sobre esta condição genética porque representa a TRIssomia do par de cromossomos 21,
que caracteriza a Síndrome de Down.
- Você sabe o que significa síndrome?
Etmologicamente a
palavra síndrome vem do grego "syndromé",
cujo significado é "reunião", ou seja, significa um conjunto de sinais e sintomas que definem uma determinada patologia
ou condição. É, por isso, um termo muito usado em psicologia, Medicina ou até
mesmo situações sociais, como em síndrome da violência urbana. Para o campo da medicina
uma síndrome não deve ser
classificada como uma doença. Ou seja, uma pessoa com Síndrome de Down não tem
uma doença, mas possui um conjunto de sinais e sintomas comuns a tod@s que
nascem com a trissomia.
- Você conhece os sinais e sintomas da Síndrome de Down?
Algumas das
características mais comuns das pessoas com Síndrome de Down e já visíveis
desde o nascimento por ser consequência de uma alteração genética são:
- Olhos amendoados
- Hipotonia Muscular: ou pouca força muscular, o que afeta o desenvolvimento neuropsicomotor da criança.
- Maior propensão ao desenvolvimento de algumas doenças: por exemplo problemas cardíacos.
- Cabeça Pequena: as crianças com SD tendem a apresentar o pescoço curto e mais largo, mãos e pés pequenos com um formato mais quadrangular e baixa estatura.
- Tendência de ganhar peso, condição que pode ser bem resolvida com uma alimentação apropriada e balanceada associada à atividade física
- Deficiência Intelectual que não impede a escolarização e aprendizagem, embora possa ser mais lenta e necessitar de apoio extra
É importante saber que... embora as pessoas com SD pareçam irmãs e irmãos porque são muito parecid@s, nem todas apresentam as mesmas características, nem os mesmos traços físicos, tampouco as mesmas malformações. A única característica comum a todas as pessoas é o déficit intelectual, mas mesmo assim, sua capacidade de aprender – assim como para qualquer pessoa sem deficiência – é distinta de seus pares.
Não existem graus de SD e a variação das características e personalidades entre uma pessoa e outra é a mesma que existe entre as pessoas que não tem SD. Cerca de 50% das crianças com SD apresentam problemas cardíacos, e alguns necessitam de cirurgia nos primeiros anos de vida.
Nossas concepções, crenças e posições
Acreditamos naquilo que o mundo e a cultura nos passam no tempo e espaço dentro do qual nascemos e vivemos. Quanto menos conhecimentos relevantes possuímos, mais acreditamos em crenças erradas, infundadas. Quanto mais conhecimento temos sobre qualquer coisa, mais cautelos@s nos tornamos para aceitar o que ´está dito´: a verdade discutível.
- Quais são suas
crenças?
- Quais são as suas atitudes com relação às pessoas com SD e também às
pessoas com deficiência em geral?
- Você acha que porque el@s tem determinadas
características não conseguem aprender, ensinar e se realizar ou ser forte o suficiente
para enfrentar as barreiras criadas por um mundo desigual e excludente?
- Você já
conversou com pessoas com SD? Você sabia – e acredita – que jovens com SD
chegam à universidade e se formam?
Pessoas com SD que alcançaram o sucesso
Durante séculos
se acreditava que as pessoas com SD são incompetentes e incapazes de aprender porque são pessoas com deficiência intelectual.
Hoje sabemos que isso não é verdade!
Algumas das minhas experiências ao longo
de 36 anos de trabalho com pessoas com deficiência me ensinou que devemos ser
sempre cautelosos e não aceitar o ´dito sem fundamento´, assumir o senso comum como a verdade absoluta! Conhecer a Mia e muitas outras pessoas com SD chacoalharam crenças que nem sabia que tinha...
Conheci Mia Farrah,
jovem Libanesa com SD no Encontro Internacional da Campanha Global pela Educação que
aconteceu em São Paulo há alguns anos atrás. 120 participantes de organizações internacionais. Um evento cuja língua oficial era o inglês.
Mia, ativista pela defesa dos
direitos da Pessoa com Deficiência foi como delegada... Eu era apenas ouvinte
convidada!
Estávamos na
mesma mesa, Mia estava com sua mãe com quem falava inglês e eu – um pouco mais
distante podia compreender. Mas, em um dado momento ela falava outra língua fluentemente e eu fiquei curiosa. No
intervalo fui conversar com elas e perguntei sobre a língua que estavam usando
ao que Mia respondeu: eu falo inglês, árabe e francês!!!
Como pesquisadora
questiono: - Quantas pessoas
no mundo falam três línguas fluentemente? Como pode uma pessoa com SD aprender
três línguas? Eu acreditaria nesta ´história´ se alguém a tivesse me contado há
20 anos atrás? Será que há 20 anos atrás a Mia teria tido a oportunidade de
aprender três línguas?!
Madeline Stuart
A história de Madeline Stuart, uma
jovem australiana com SD é modelo de marcas famosas... Seu sucesso nas
passarelas e sua beleza nos obrigam a rever bossas concepções limitadas e
errôneas sobre as pessoas com SD.
Madeline é uma ativista
poderosa em prol da inclusão e diversidade no mundo da moda.
Disponível em Madeline
Novamente como pesquisadora não
resisto aos questionamentos:
- Como Madeline pode ser uma arraso nas passarelas se as pessoas com SD não descritas
como acima por suas características físicas?
- O que aconteceu diferente na vida
de Madeline para ela chegar onde chegou?
- Como foram suas experiências de inclusão,
oportunidades e participação?
- Quantas moças querem ser modelos e não conseguem
porque são incompetentes?
Disponível em: http://www.hypeness.com.br/2015/07/garota-com-sindrome-de-down-assina-seu-primeiro-contrato-como-modelo/
Los Perejiles argentinos
Seis rapazes argentinos com SD
decidiram virar a mesa e começaram um negócio próprio depois de tentarem sem
conseguir espaço no mercado de trabalho. Com isso, nascia um serviço de eventos que prepara pizzas e
empanadas a domicílio em Buenos Aires e cidades
próximas: o Los Perejilles
Apenas dois meses após lançarem a
empresa, eles já tinham 24
eventos marcados. Grande parte da realização deste sonho foi
possível graças a ajuda de dois profissionais que trabalham com pessoas com
síndrome de Down, os professores voluntários Telam
Lopez e Kevin Degirmenci. Os dois professores ajudaram os
jovens a adquirir a confiança necessária para montar o empreendimento, que hoje
é sucesso por onde passa.
Disponível em: http://www.hypeness.com.br/2016/09/jovens-com-sindrome-de-down-abrem-empresa-de-pizzas-a-domicilio-e-fazem-o-maior-sucesso/
As
crianças, os jovens e os adultos com síndrome de Down podem ter algumas características
semelhantes e estar sujeitos a uma maior incidência de doenças, mas apresentam personalidades e características
diferentes e únicas.”
(Disponível
em: http://www.movimentodown.org.br/sindrome-de-down/o-que-e/)
Aqui no Brasil, há
exemplos maravilhosos de sucesso que eu conheci pessoalmente: por exemplo, a
professora de educação infantil e escritora Débora Seabra de Natal/RN. Clique em Débora
Alguns mais conhecidos e outros menos, mas todo@s são igualmente bem sucedidos:
o Thiago que é arrimo de família, a Bianca que está na universidade, a Marina
que está se formando em fotografia, a Mariana que dá palestras, etc.
São, com certeza,
muit@s pessoas com SD que conseguiram vencer ou romper barreiras impostas ao
seu desenvolvimento. São também muitas famílias e, em especial, mães que abdicaram
(ou não) de suas vidas para lutar e apoiar seus filh@s com SD (ou outras
deficiências).
E, qual é a função de um dia internacional ???
É exatamente criar espaços sociais, políticos, de mídia, etc. para abordar questões relevantes acerca de grupos sociais ou temas que foram mantidos às margens dos debates.
Por todas estas histórias de vida maravilhosas de alguns jovens com SD, hoje é um dia que ainda existe e merece ser celebrado no planeta... até o dia em que nascer com Síndrome de Down – ou qualquer outra condição humana, não será mais uma ´razão´ para ser excluíd@ ou viver isolado (não ter amig@s ou namorad@), para não ser aceito nas escolas ou sofrer experiências de discriminação e preconceito, para ser escondido ou violentado...
Por todas estas
razões é hora e tempo de repensarmos nossas posições, sentimentos e crenças.
É hora de
mudarmos e buscar aproximação e aprendizagens com as oportunidades que a vida
nos oferece. Por isso, como dica (já lançada aqui no blog aos docentes comprometidos
coma inclusão em ´Dicas sobre Inclusão´nesta pagina, ao lado direito), esta semana, aborde uma pessoa com Síndrome de Down
e a conheça. Depois conte sua experiência de forma que ela se multiplique e
beneficie outros seres.
Om Shanti!
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