sexta-feira, 29 de abril de 2016

Conheça a História de Carly Fleischmann: diagnosticada com "autismo severo" hoje ela compartilha sua visão de mundo nas redes sociais

Já apresentamos neste Blog histórias de pessoas com diagnosticadas com Autismo. Dentre as histórias narradas, chama atenção o caso de Carly Fleischmann, uma jovem canadense, que desde muito cedo teve que enfrentar os conflitos de viver em uma sociedade que não compreende seu modo de ser e estar no mundo.

Conheça um pouco da história de Carly acessando ao vídeo abaixo:



Carly tem uma irmã gêmea e isso de certa forma foi um dos 'motivos' para comparar o seu desenvolvimento cognitivo e social a um possível padrão normal. Desde os dois anos de idade, diferentemente da sua irmã, ela foi diagnosticada com "autismo severo". O diagnóstico foi reforçado pelo seu comportamento, por estar sempre alheia ao mundo, não falar, não interagir com os familiares, profissionais e pessoas próximas e por, muitas vezes, se espancar e meter a cabeça contra a parede. 

Desde a infância seus país submetia Carly a intensos tratamentos de reabilitação e educação especial, na expectativa de verem alguma melhora em seu caso tão grave. Mas, poucos foram os resultados...

Até que, aproximadamente aos 11 de idade, Carly surpreendeu a família ao escrever a palavra DOR, seguida de SOCORRO em um computador e logo após, vomitar. Seus pais ficaram incrédulos, sem saber como ela sabia ler e escrever, se até então, nunca tinha demonstrado nenhuma dessas habilidades.

Carly Hoje 

Após vários estímulos da família e profissionais para Carly usar o computador, hoje esta é uma das suas principais ferramentas de interação. Ela usa uma conta no Twitter e outra no Facebook para descrever sobre sua perspectiva o que é viver com o autismo. 

Carly é incisiva e segura quando questiona as pessoas que tentam conceituar o autismo de maneira errônea, limitada e irrealista. Em 2011, ela lançou uma biografia intitulada "Carly's Voice".
O Que aprendemos com Carly?

Sem dúvidas uma das lições de vida da história de Carly Fleischmann é que não podemos rotular uma pessoa por causa de um diagnóstico. O rótulo é uma narrativa que tenta encaixar a pessoa a padrões de comportamento pré-definidos. Na lógica da rotulação, as pessoas tenderiam a ter maneiras iguais de se comportar, de aprender, de comunicar. Aquelas pessoas que fogem do padrão são consideradas desviantes/problemáticas/doentes, devendo, portanto, sofrer intervenções para atingir o estado de 'normalidade'. 

Contrariando esta visão, a história de Carly mostra que cada ser humano é singular. Ela mesma é um exemplo disto, mesmo com uma irmã gêmea, tem uma maneira própria de estar no mundo. Não por causa do autismo, mas porque como cada um de nós ela é uma outra pessoa, com outras expectativas, com outra maneira de pensar e de expressar suas preferências e inquietações.

A deficiência é uma experiência, não somente uma marca no corpo ou mente. É uma experiência particular, vivenciada por diferentes pessoas. Neste caso, como destaca a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006) a PESSOA é que deve ser reconhecia e ter visibilidade maior do que sua deficiência. Quando a pessoa é vista, a deficiência é percebida como mais uma característica da sua identidade como o gênero, a classe social, a etnia. Quando a pessoa é percebida mais que sua deficiência, ela pode narrar como é para ela a experiência particular de vivência com a deficiência (qual o tipo de acessibilidade é mais conveniente; qual grupo social ela se sente representada; quais barreiras são mais urgentes, etc.).

Carly tem autismo e aprendeu sozinha a usar o computador. Uma outra criança ou jovem com autismo não necessariamente necessita usar esse recurso para comunicar-se, mas qualquer outro que ela se sinta contemplada.

Fica a mensagem: limpar a lente pela qual percebemos o mundo, é o primeiro passo para conhecermos as pessoas como elas são verdadeiramente.



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