Windyz Brazão Ferreira
Jackeline Susann Souza da Silva
No dia 01 de Novembro de 2007, a Organização das Nações
Unidas - ONU aprovou uma série de temas de relevância social, desde a
eliminação de todas as formas de violência contra a mulher (sexo feminino) e
fortalecer programas de prevenção até designar um dia especial como o Dia
Mundial do Autismo.
Porque definir um dia especial é importante para as Pessoas
Autistas e suas famílias?
Porque em todos os países haverá algum tipo de manifestação
em defesa e promoção dos direitos das pessoas autistas para a redução do
preconceito, assim como movimentos de disseminação de conhecimentos,
experiências e informações importantes para fazer a parte da sociedade que é
constituída pelas pessoas sem deficiência refletir sua atitude com
relação às pessoas, neste caso, autistas, ou seja, refletir/rever sua forma de
se relacionar, compreender e tratar as pessoas autistas e suas famílias.
As estimativas da ONU indicam que, aproximadamente, 1% da
população mundial possui a Síndrome do Autismo.
No Brasil, esse percentual representa em torno de 2 milhões
de crianças, jovens e adultos com autismo.
O dia 02 de abril de cada ano deve ser, portanto, um dia
dedicado a esta tema: escolas, professor@s, pais e mães, associações de bairro,
grupos religiosos, empresas e outros devem abordar assuntos relativos ao
autismo por meio de promover atividades que nos ajudem a desenvolver novas
compreensões e crenças sobre esta população maravilhosa constituída, cujas
diferenças lhes permitem viver em um mundo mais interiorizado, que requer mais
silêncio (mais introspecção) e menos envolvimento na vida alheia (menos fofoca,
menos perda de tempo). A vida internalizada das pessoas autistas contribui para
a reflexão sobre nosso papel no mundo, em especial, para aquel@s que têm o privilégio
de recebê-los: suas famílias.
O autismo é definido pela medicina como um distúrbio do
neurodesenvolvimento que se manifesta precocemente e afeta as habilidades de
comunicação, comportamento e interação social. Três habilidades fundamentais
para a vida em sociedade.
O termo engloba também os denominados Transtornos do
Espectro do Autismo-TEA, constituído por um grupo bastante diverso que abrange
desde indivíduos que não se comunicam verbalmente com deficiência intelectual
associada, até os chamados gênios com habilidades específicas.
O potencial das pessoas autistas nunca será conhecido se
seus direitos de viver em comunidade e com as oportunidades naturais à vida de
qualquer criança, jovem e adulto não forem respeitados!
Conheça a história de Jacob Barnett, escrita por sua mãe
Kristine Barnett, no livro Brilhante (http://www.saraiva.com.br/brilhante-a-inspiradora-historia-de-uma-mae-e-seu-filho-genio-e-autista-4967303.html).
Se ela não tivesse lutado pelos seus direitos de viver junto com qualquer outra
criança e ouvido seus chamados – interesse por astronomia quando ainda era
muito pequenino – ele não seria hoje um nome com potencial de Prêmio Nobel!!!
Assista agora ao Vídeo no Youtube, clicando abaixo:
"Forget what you know"
É o que Jacob Barnett nos leva a refletir em sua brilhante
apresentação no TED. Esqueça o que você sabe sobre pessoas com
autismo é o que pedimos neste dia Mundial de Conscientização do Autismo
Ele é um adolescente americano de 17 anos que estuda
doutorado em Física Quântica e tem seus trabalhos cotados para futuros prêmios
Nobel. O que chama atenção na história de Jacob é que aos dois anos
de idade ele foi diagnosticado com autismo severo. Sua mãe, Kristine Branett,
foi desenganada pelos especialistas que afirmaram categoricamente a ela que seu
filho não iria aprender a falar, a ler e como diz o próprio Jacob “não iria
aprender a amarrar os sapatos”. Após o diagnóstico, Jabob foi submetido a
inúmeros programas de reabilitação e educação especial para desenvolver as
habilidades de uma criança ‘normal’. Sua mãe relata na reportagem da BBC que
fora da terapia Jacob “fazia coisas extraordinária como mapas de cotonete no
chão da sala, recitava o alfabeto de trás para frente e falava quatro línguas
na infância”
Reportagem completa:
História tão fantástica como a de Jacob Barnett é a de Carly
Fleischmann (ver: https://www.youtube.com/watch?v=M5MuuG-WQRk ), uma
jovem que tem uma irmã gêmea, mas que diferentemente da sua irmã, recebeu o
diagnóstico de autismo. Durante toda infância, apesar da rotina intensa de
reabilitação, ela não apresentava nenhum tipo de ‘avanço’ em seu
desenvolvimento. Segundo seus pais e especialistas era certo que Carly só
atingiria o padrão mental de uma criança de seis anos. No entanto,
surpreendentemente, aos 11 anos de idade, Carly sentou em frente ao computador e
digitou a palavra DOR e em seguida SOCORRO. Antes disso, a jovem nunca tinha
comunicado nada diretamente e muito menos por meio da escrita. Seus pais
refletiram “Como pode Carly se expressar daquela maneira? Como ela se manteve
todo esse tempo ‘escondida’?” A partir desta interação ela foi estimulada pelos
seus familiares a comunicar-se pelo computador e passou a falar sobre si e
sobre o autismo, desconstruindo qualquer visão que tentasse reduzi-la ou
rotulá-la. Ela usa sistematicamente suas contas no Twitter e Facebook para
interagir com o público.
Quantos Jacob e quantas Carly estão impedidos de serem
descobertos por causa de seus diagnósticos e prescrição, ou ainda isolamento em
instituições que os limitam e constrangem ?
Por suas características sociais distintas, frequentemente
pessoas autistas e com TEA são alijadas da vida familiar; privadas de liberdade e trancafiadas em instituições similares a asilos ou em suas
próprias residências; estão vulneráveis a discriminação e violência física,
psicológica e sexual. Além disso, quando podem ter acesso à escolarização, com
frequência, suas famílias encontram as portas das escolas fechadas: a matrícula
é negada tanto em escolas públicas quanto privadas.
Não é diferente com os serviços de saúde – médicos e
paramédicos, cuja maioria profissional conhece muito pouco sobre a síndrome e
adota procedimentos obsoletos e prejudiciais, muitas vezes tratamentos
experimentais, intrusivos e devastadores de modificação de comportamento.
Assista ao filme Temple Grendin e veja como uma interpretação sem fundamentação
do autismo poderia impedir o desenvolvimento de uma mente brilhante, se não
fosse um professor mais aberto e sensível à diferença, ela não se tornaria a
criadora de uma sistema inovador de abate de gado nos EUA que foi adotado no
país todo!. Depois de ver o filme da história de vida desta mulher autista,
assista à uma de suas palestra no TED.
Temple Grandin no TED
Pessoas com autismo são crianças, jovens e adultos do sexo feminino
ou masculino, que nascem, crescem e vivem como qualquer outra pessoa se as
oportunidades estiverem presentes e o respeito às suas características
individuais existir.
Todavia, a sociedade ainda não está preparada para conviver
com as diferenças humanas e é intolerante contra os que são mais diferentes
porque tod@s somos diferentes dos outr@s. Não há um ser humano igual ao outro,
nem mesmo os gêmeos univitelinos!!! A consequência de tal intolerância à
diversidade humana é que as pessoas autistas ou com TEA (assim como os gays, as
pessoas com cegas negras, surdas, etc.) acabam sendo vulnerabilizadas e vítima
de múltiplas manifestações de discriminação e exclusão, as quais –
sistematicamente - impedem seu pleno desenvolvimento e gozo dos direitos fundamentais,
conforme estabelecido pela Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência
(ONU, 2006) e pela recente Lei n° 13.146 publicada em 6 de julho de 2015.
Acesse a Lei da Inclusão na íntegra em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm.
Concluímos com a história do menino autista neozelandês
James Isaac e Mahe, seu cão Labrador preto, que mostram que tudo é possível se
tivermos mentes e corações abertos para as diferenças e os direitos humanos.
O labrador foi treinado para acompanhar crianças autistas e
exerce papel fundamental na rotina do menino neozelandês James Isaac
Há dois anos, a companhia do cão Mahe torna a vida do menino
com autismo James Isaac mais calma. Por causa da doença, o menino neozelandês,
de 9 anos, é extremamente ansioso e só consegue se acalmar ao lado do
animal de estimação. O caso que melhor demonstra a relação dos dois foi quando
o cão acompanhou o menino durante exames de rotina. Os médicos autorizaram a
entrada no animal no hospital pelo bem que ele faz a James.
Desde os seis meses de idade, Mahe foi treinado para
acompanhar crianças com autismo pela instituição de caridade “Assistance Dogs
New Zealand Trust”, na Nova Zelândia. Wendy Isaacs, fundador da
instituição, conta que é impressionante a relação entre os cães e as crianças
autistas:
“É uma conexão mágica, eles simplesmente acalmam os garotos. As crianças mantêm contato visual com os animais, algo que muitas vezes não acontece nem com seus parentes.”
70 milhões de pessoas têm autismo no mundo, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), e o garoto tem o grau profundo da doença. A
mãe dele, Michelle Issas, contou no programa norte-americano “Today Show” que o
cachorro exerce um papel fundamental na rotina da família.
“Mahe mudou as nossas vidas. É parte da família agora. A
principal coisa que ele faz é ajudar a manter James seguro e calmo quando
estamos na rua”, disse.
Quando saem juntos, uma coleira liga os dois e impede o
menino de ir muito longe. Caso James tente correr, o cão é treinado para sentar
e impedir qualquer risco.
“Antes de Mahe, nós teríamos que segurar sua mão com força para impedi-lo de correr, e James odeia isso. Ele só quer sua liberdade. Mahe dá-lhe a liberdade para explorar seu ambiente sem ser arrastado ao redor”, acrescentou a mãe".
O caso mais emocionante da relação dos dois ocorreu durante
uma ressonância magnética de James. No exame de rotina, o garoto teve que ser
sedado e o cachorro esteve ao seu lado todo tempo. Os médicos, ao verem o
benefício do companheirismo entre eles, permitiram até que Mahe subisse na cama
do amigo.
“Ele ficou com o rosto muito perto de James, que estava
dormindo. Foi comovente pois ele parecia realmente preocupado”, lembra
Michelle.
Quando James acordou, o cão estava ao lado, o que fez com
que ele se acalmasse. Uma vez por semana, o cachorro acompanha o menino à escola,
onde os professores estão sendo treinados para lidar com o cão. “Eles acreditam que Mahe terá um efeito muito positivo sobre
as outras crianças em sua classe”, afirmou a mãe.
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