Windyz Brazão Ferreira
Nós, pessoas sem deficiência somos tão limitados em termos de nosso entendimento sobre a diversidade humana que, mesmo com a vibração e a emoção que sentimos ao ver os Jogos Paralímpicos, não conseguimos mudar nossas crenças sobre as competências super-humanas das pessoas com deficiências... se elas tiverem oportunidades como qualquer outra pessoa para desenvolvê-las!!!
Triste para nós –
pessoas sem deficiência - que perdemos a oportunidade de conviver, aprender e
nos tornarmos melhores seres humanos porque ainda acreditamos que as pessoas
com deficiência são incapazes.
Agora, clique abaixo e se emocione assistindo ao vídeo incrível criado pelos britânicos sobre os super-humanos/as, os atletas com deficiência que dizem: - YES, We can!!! (Sim nós podemos!!!)
Agora, clique abaixo e se emocione assistindo ao vídeo incrível criado pelos britânicos sobre os super-humanos/as, os atletas com deficiência que dizem: - YES, We can!!! (Sim nós podemos!!!)
Enquanto você
assiste reflita se considera que poderia fazer o que esses atletas com
deficiência fazem!
Há mais de 30
anos convivo direta ou indiretamente com crianças, jovens e adultos com
deficiência e suas famílias, em particular suas mães – mulheres de garra e
força interior.
Nesta longa
jornada aprendi que pessoas com deficiência, independentemente do tipo de
deficiência, são pessoas - seres humanos de muita luz que (eu acredito!)
voltaram à terra para nos ajudar a nos tornarmos melhores seres humanos, mais
iluminados porque se não fosse pelas pessoas com deficiência muitos movimentos,
conceitos/princípios/valores e mudanças - que favoreceram também a outros
grupos vulneráveis - não teriam acontecido.
Se não fosse,
principalmente, pelas pessoas com deficiência...
- não teria
acontecido a Conferência de Salamanca em 1994 na Espanha e a consequente
publicação da Declaração de Salamanca (UNESCO 1994), que foi disseminada
mundialmente,
- não haveria o
movimento pela inclusão educacional, social e econômica de inúmeros outros
grupos sociais que estavam invisíveis nas diretrizes internacionais e políticas
nacionais no final do século passado, entre os quais, citamos, os negros, os
indígenas, os ciganos, os que moram em áreas remotas e rurais, etc.,
- não teria sido
criado um enorme corpo teórico (conhecimentos em vários campos científicos)
sobre direitos humanos e o direito à participação de inúmeros grupos
vulneráveis que devem estar incluídos nas várias esferas da vida,
- não se teria um
movimento internacional sobre acessibilidade, conceito que beneficia inúmeros
grupos sociais nas várias esferas da vida,
- não se teria um
ampla discussão sobre a diversidade humana & as diferenças individuais que
caracterizam a espécie humana e, portanto, nós todos/as teríamos menos
desenvolvidas nossa humanidade, espiritualidade e mente,
- não haveria no
Brasil uma Secretaria de Diversidade e Inclusão...
- não haveria a
Paralímpiadas...
E, apesar de
tudo, ainda acreditamos que as pessoas com deficiência são incapazes, incompetentes,
não podem aprender... ainda acreditamos que as pessoas com deficiência
devem participar das Olímpiadas separadamente.
Triste... muito
triste!!! Será esta separação inclusiva?
Inclusão x Exclusão na Paralimpíada... o que está por traz da segregação dos jogos paralimpícos?
Jackeline Susann Souza da Silva
Universidad de Salamanca, Espanha
Tradicionalmente
os jogos olímpicos, para equiparar as chances de competição, são organizados
por critérios como gênero, faixa etária, peso, entre outros. A deficiência
também é um critério levado em consideração na organização das competições. A
grande diferença é que a deficiência é compreendida como um único critério que
separa, segrega e desagrega os dois maiores eventos esportistas do mundo:
Olimpíadas e Paralimpíadas.
Tradicionalmente,
tal “separação” não é percebida de maneira negativa. Até aí, tudo bem! No
entanto, é inegável que a Paralimpíada ainda não recebe a mesma atenção que a
Olimpíada em termos de cobertura jornalística, visibilidade dos atletas e
patrocínio. Inúmeras são as razões para isto acontecer.
Capacitismo
Até pouco tempo
as pessoas com deficiência não eram ouvidas ou tinham oportunidades de
participação na família, na educação, na comunidade, no mercado de trabalho, na
vida política, etc. Embora este cenário esteja em processo de mudança (lenta) a
exclusão das pessoas com deficiência ainda é, com frequência, percebida com naturalidade
pela sociedade.
No entanto, esta percepção tem mudado com as conquistas de direitos e de reivindicações que tem como base os movimentos protagonizados pelas próprias pessoas com deficiência. Gradualmente, portanto, torna-se inaceitável por esta população aceitar sem protestar as posições sociais de subalternidade e de menos valia dentro das quais teimamos em colocá-las.
Mesmo com mudanças
significativas, por exemplo, a conquista de um vasto marco político e legal que
trata de inclusão e acessibilidade no Brasil, a cultura de capacitismo ainda é
forte assim como o é o racismo e o machismo.
Por isso, a Paralimpíadas deve constituir para nós um momento oportuno de revisão de nossas concepções negativas e capacitista sobre este grupo social cujos membros - as pessoas com deficiência - se tiverem oportunidades, chances de participação e apoio podem atingir mais realizações do qualquer um de nós já atingiu.
Sim, eles podem (Yes, they can!!!), o problema é que ainda porque vivemos em uma sociedade que (infelizmente!), ao mesmo tempo, supervaloriza a não-deficiência e desconsidera diversidade humana e diferenças individuais quando se trata das pessoas com deficiência.
Por isso, a Paralimpíadas deve constituir para nós um momento oportuno de revisão de nossas concepções negativas e capacitista sobre este grupo social cujos membros - as pessoas com deficiência - se tiverem oportunidades, chances de participação e apoio podem atingir mais realizações do qualquer um de nós já atingiu.
Sim, eles podem (Yes, they can!!!), o problema é que ainda porque vivemos em uma sociedade que (infelizmente!), ao mesmo tempo, supervaloriza a não-deficiência e desconsidera diversidade humana e diferenças individuais quando se trata das pessoas com deficiência.
A concepção da
humanidade baseada no capacitismo perpetua uma visão de padrões incluindo o de ´normalidade´.
Assim, no imaginário coletivo, ´capazes´ são somente as pessoas que chegam
próximos a esses padrões de normalidade na forma de apresentação de seus
corpos, sua intelectualidade, beleza e virilidade, entre outras. É exatamente
por isso que as pessoas com deficiência são pressionadas a diuturnamente demostrarem
que são ´capazes´.
Mas é claro que
são capazes senão como seriam super-humanos/as atletas maravilhosos/as e grandes campeões/ãs ?! Assista aqui o video Resumo da Paralímpiada - Brasil 2016
Quando acontece
um evento de grande proporção como a Paralimpíadas, percebemos o quanto ainda
temos que caminhar para eliminar as formas de discriminação enraizadas na
concepção capacitista, o quanto ainda precisamos mudar nossas concepções limitadas sobre as pessoas com deficiência e nos abrir para um universo de aprendizagem altamente enriquecedor para nossa vida e humanidade que é possibilitado pela convivência com as pessoas com deficiência e suas famílias.
Excelente reflexão. Podemos dizer que a maior deficiência da humanidade é a de ordem moral que cerceia os sentidos para convivência em condições equânimes de toda diversidade humana..
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